terça-feira, 22 de dezembro de 2009
domingo, 6 de dezembro de 2009
s e r o q u e s o u
uma foto na parede
fico em pé a olha-la
a luz entra na janela de um lado
permanece ás escuras do outro
no limbo da existência
onde estou eu afinal?
sinto presenças à minha roda
existo num mundo paralelo
onde me recrio a mim próprio
porque aqui ninguém me conhece
quem sou eu afinal?
se fecho os olhos vejo
se olho a volta sinto
de quem é isto afinal?
para cada um de nós tudo é diferente
qual o sentido de algo que nao tem sentido?
nao ter sentido?
ou apenas fingir parecer ter um sentido ou um proposito?
oiço melodias de longe
a uma distancia infinita
o corredor frio segura-me para não se esqueçer
para poder contar a história daquele alguém
a outro que por ali passe
em tudo e nada o tempo passa
mas não ali
ali o tempo espera
e olha nos olhos
para ter a certeza de que ele próprio existe
sentindo o pulsar das almas vivas
naquele corredor
o ar atravessa o corpo
e volta a atravessar
para moer e remoer as entranhas de todos os corpos que puder
estou vivo
é isso que me faz ficar aqui
o fervilhar do sangue nas veias
preciso de continuar a morrer
mais
mais fundo
mais profundamente
tenho de regressar a casa
sentir-me vulnerável
tirar as armaduras
nunca perfeito
apenas em equilibrio
para ser o que sou
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