domingo, 6 de dezembro de 2009

s e r o q u e s o u


uma foto na parede
fico em pé a olha-la

a luz entra na janela de um lado

permanece ás escuras do outro
no limbo da existência
onde estou eu afinal?

sinto presenças à minha roda

existo num mundo paralelo

onde me recrio a mim próprio

porque aqui
ninguém me conhece
quem sou eu afinal?

se fecho os olhos vejo

se olho a volta sinto

de quem é isto afinal?

para cada um de nós tudo é diferente
qual o sentido de algo que nao tem sentido?

nao ter sentido?
ou apenas fingir parecer ter um sentido ou um proposito?

oiço melodias de longe

a uma distancia infinita

o corredor frio segura-me para não se esqueçer

para poder contar a história daquele alguém
a outro que por ali passe

em tudo e nada o tempo passa

mas não ali

ali o tempo espera

e olha nos olhos

para ter a certeza de que ele próprio existe
sentindo o pulsar das almas vivas

naquele corredor

o ar atravessa o corpo
e volta a atravessar

para moer e remoer as entranhas
de todos os corpos que puder
estou vivo
é isso que me faz ficar aqui

o fervilhar do sangue nas veias

preciso de continuar a morrer
mais

mais fundo

mais profundamente

tenho de regressar a casa

sentir-me vulnerável
tirar as armaduras

nunca perfeito

apenas em equilibrio

para ser o que sou